terça-feira, 16 de julho de 2013

POEIRA NA ESTRADA
RESIDENTES DO BAIRRO POPULAR NA CIDADE DE LICHINGA EXIGEM SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA.

Texto: Redacção

A estrada do “quilómetro quinze”, que separa os bairros Popular e Muchenga-dois, na cidade de Lichinga, é uma das que apresenta condições deploráveis de transitabilidade, principalmente em períodos chuvosos.
A degradação daquela rodovia de cerca de quinze quilómetros prolonga-se em épocas de pós – chuvas, devido a sua reparação irregular por parte do Conselho Municipal desta cidade.

 Se em épocas chuvosas o terreno se apresenta lamacento, oferecendo imensas dificuldades na transitabilidade dos automobilistas, nas épocas secas, o problema tem a ver com a poeira que se levanta, sempre que por lá passa uma viatura.

 O problema está a preocupar os moradores do bairro Popular, especialmente os que residem nas bermas da estrada, na medida em que a poeira provocada está a constituir ameaça `a saúde não apenas dos moradores, como também dos seus utentes.

Afonso Eusébio e Mariana Martins, consideram que as tentativas de reparação da estrada, com recursos a terraplanagem, só vieram piorar o problema de poeira na estrada do quilómetro quinze.

 A farinha de milho, muitas vezes processada de forma caseira acaba sendo contaminada pela poeira; naquela zona segundo os nossos entrevistados, são frequentes casos de infecções respiratórias causadas pela poeira.

 Abdul Zacarias, Ássiato Cássimo e Maria Chambe, caracterizam de deplorável a situação e acrescentam que “estar bem vestido e passar pela zona, a pé, é um verdadeiro risco, pois as pessoas chegam aos seus postos laborais com roupa suja.”

 Os nossos entrevistados pedem ao Conselho Muncipal para dialogar com o empreiteiro responsável pela reabilitação da estrada, para que este adopte medidas para a solução do problema.

 Uma das saídas para a situação, de acordo com os interlocutores, passa pela aspersão de água, pelo menos uma vez por dia naquela via. (X)

 

 

 
 
 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

QUANDO A PROMESSA DO VOTO CONDICIONA A DELAPIDAÇÃO DOS RECURSOS FLORESTAIS


Por: Benilde Mourana
Com tristeza recebi um email contendo uma acta extraída de um encontro entre a Associação Moçambicana de Madeireiros (AMOMA) e a Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF), realizada a 6 de Maio do presente ano.

O encontro teve cinco pontos da agenda, dentre os quais despertou-me atenção o segundo, intitulado “ponto de situação sobre o Pedido de Moratória para suspensão durante dois anos da entrada em vigor do Decreto 30/20012 de 1 de Agosto e do Diploma Ministerial 293/2012 de 7 de Novembro”. Este, na realidade, foi o tema mais discutido ao longo da acta, uma vez que os restantes pontos dependiam do mesmo.
Até onde sei, os instrumentos legais não são passíveis de suspensão por mera vontade de um indivíduo ou grupo de indivíduos, a não ser que os motivos sejam bastante fortes, como por exemplo a inconstitucionalidade, por isso quis perceber melhor os fundamentos do referido pedido.

Qual não foi o meu espanto ao descobrir que não passam de fundamentos marginais, sem cabimento, sem justificações plausíveis, irrisórios e inadmissíveis, num país que se rege por uma constituição que contem fortes disposições ambientais.

Por isso surgiram-me as seguintes questões: supondo que o pedido seja aceite, como serão explorados os recursos florestais ao longo do tempo solicitado, uma vez que estão cientes que “as vacas não produzirão mais leite para as crianças”? Do mesmo jeito que a DNTF não existe sem os operadores florestais, poderá deixar de existir também se não tivermos mais florestas, então porque que pedem calma e paciência por parte dos madeireiros? Porque tanto medo por parte da DNTF em relação aos madeireiros? Ao recusarem este tipo de pedido, o que lhes pode acontecer? Quando os operadores usam como exemplo os piores países em termos da exploração florestal para comparar com Moçambique, o que pretendem?

Não é novidade para nenhum Moçambicano que o sector florestal tem sido explorado de uma maneira predadora e principalmente para os operadores em regime de licença simples, hoje quando finalmente a “bela adormecida” da DNTF acorda do seu sono profundo, para tentar pôr ordem pelo menos neste regime, os predadores pedem uma moratória? O que lhes leva a fazerem um pedido tão ousado quanto este?

Moratória para quê? A meu ver não há razões para que conceda. De acordo com a acta, os operadores já sabiam desde o início sobre o conteúdo dos diplomas em alusão, tiveram tempo mais do que suficiente para se prepararam até à entrada em vigor dos diplomas, principalmente reinvestindo parte dos lucros na transformação do modelo de licença simples em concessão florestal. Não o fizeram, hoje que se sentem aflitos com aplicação do mesmo pedem a moratória.

Em vez de pedidos de moratória deveriam sim, pensar como ressarcir as comunidades locais, ao sector florestal do país e aos operadores em regime de concessão pelo facto de terem ao longo dos anos operado sem se preocuparem com o reflorestamento, deveres em relação às comunidades locais, sem instalarem uma indústria de processamento, sem se preocuparem com o inventário florestal detalhado e nem com a aprovação de um plano de meneio, no entanto, diante de todas estas “facilidades” concorriam em pé de igualdade com os operadores em regime de concessão.

Nesta altura não se lembraram de pedir moratória, porque tinham tudo a favor e hoje quando vos impõem um pouco mais de responsabilidades, em prol da floresta que vos sustenta pedem moratória? Este comportamento só demonstra mais uma vez o perfil de alguns dos nossos operadores florestais, que infelizmente não é o desejado, são verdadeiros piratas florestais que não estão comprometidos com a sustentabilidade dos recursos mas sim com o lucro imediato.

Pior do que os operadores florestais (que pelo menos tentam defender o seu lado) é a DNTF órgão responsável pela protecção das florestas no país, diante de tamanho absurdo, ao invés de pelo menos fingirem que se preocupam com a sustentabilidade dos recursos florestais, dão azo a tamanha barbaridade, tudo por causa do receio dos contornos políticos que a situação poderá causar. Com uma DNTF desta natureza, incapaz de defender em primeira linha os interesses que norteiam a instituição, o que se pode esperar? Quando o próprio director da instituição acolhe e promete agilizar os pontos discutidos no encontro, o que é que nós simples leitores da acta podemos pensar?

Todo trabalho levado a cabo ao longo dos anos quer por instituições académicas, quer por organizações da sociedade civil, no sentido de minimizar o abate indiscriminado da floresta está ameaçado por um punhado de pessoas que só pensa nos seus interesses pessoais. E mais, a DNTF directamente chama de incompetentes as pessoas envolvidas nesta árdua tarefa desde os consultores (acredito que sejam) envolvidos na elaboração até a Assembleia da República e Conselho de Ministros envolvidos na aprovação dos instrumentos. (X)